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Ao logo de 10 anos, estudantes cearenses não só conseguiram melhorar seus desempenhos escolares, como alcançarem posições de destaque na Prova Brasil, avaliação que mede as habilidades de alunos do Ensino Fundamental de todo o País. Um estudo divulgado ontem (7) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) revelou que, no período de 2005 a 2015, os estudantes do 5º e do 9º anos aumentaram seus resultados nos testes de Português e Matemática e ultrapassaram as médias nacionais e regionais em ambas as disciplinas.

No 5º ano, as médias obtidas pelos alunos do Estado em Português tiveram aumento de cerca de 33,5%, crescendo de 157,0 pontos em 2005, desempenho considerado básico segundo os critérios da avaliação, para 209,6 em 2015, nível tido como adequado. Em Matemática, o avanço foi maior. Em 2015, os estudantes obtiveram média de 219 pontos na prova, 38% a mais do que o resultado de 2005 (158,4). Com isso, o nível de proficiência dos cearenses foi de insuficiente para básico.

Grafico de evolução do ensino fundamental

Já os alunos do 9º ano, que em 2005 atingiram média de 210,0 no teste de Português, chegaram a 251,2 em 2015. Embora o nível dos estudantes tenha se mantido básico, o aumento foi de 19%, aproximadamente. No que se refere ao aprendizado de Matemática, os resultados subiram de 216,5 para 251,2 no mesmo período. O desempenho, que era considerado insuficiente, foi ao nível básico.

Em ambas as séries e disciplinas, o desempenho dos alunos cearenses na Prova Brasil superou os resultados gerais do País e do Nordeste. Os avanços, conforme revela o estudo do Ipece, tiveram início a partir de 2009. Para o coordenador de avaliação e acompanhamento da educação da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), Luciano Nery, a implantação do Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), em 2007, foi o divisor de águas nos resultados.

Ações

Conforme explica Nery, ações como formação de professores e utilização de material pedagógico estruturado tiveram êxito e conseguiram impulsionar as notas dos estudantes. Ao mesmo tempo, o monitoramento do trabalho executado em cada cidade também foi diferencial. “Houve uma forte cooperação entre Estado e municípios. Eles abraçaram o programa e vemos que, depois de uma década, as mudanças de governos não impactaram em mudanças na política”, afirma.

O coordenador destaca, ainda, que a melhora foi observada não só entre os estudantes que já obtinham resultados satisfatórios, mas também entre aqueles com maiores dificuldades. “Em uma pesquisa que fizemos, vimos que esse crescimento também ocorreu entre alunos de menor poder aquisitivo, que é um grupo com um histórico social e financeiro mais vulnerável e que tem aprendizado mais difícil”, acrescenta Nery.

Apesar do progresso, ainda são poucos os estudantes que possuem desempenhos adequados ou avançados na avaliação. No 5º ano, 43,7% dos alunos possuem nível de proficiência insuficiente ou apenas básico em Língua Portuguesa e 58,6% em Matemática. Já entre os estudantes do 9º ano, esse percentual chega a 68,2% em Português e 85,3% em Matemática.

Desafios

Luciano Nery ressalta que a Seduc vêm promovendo ajustes nos programas e ações para envolver mais estudantes e conseguir melhores resultados. Algumas das medidas citadas pelo coordenador são as extensões do Paic (como o Paic +5 e o Mais Paic, que aumentaram a abrangência da iniciativa). No entanto, para que o avanço seja ainda maior, é preciso combater fatores relacionados à reprovação e à evasão escolar, como o trabalho infantil e a violência.

“O Ceará precisa de uma política mais forte de inserção social que vai além da escola. A questão da violência é um fator para se levar em consideração no processo de aprendizagem, assim como a questão do trabalho. Muitos alunos ainda precisam sair da escola para ajudar financeiramente a família, mesmo os do Ensino Fundamental”, explica.

O coordenador enfatiza que o envolvimento da família na aprendizagem de crianças e adolescentes também é fundamental. “Uma atuação mais forte da família é extremamente importante. Para isso, temos ações em parcerias com outras secretarias que vão até as famílias dos alunos para que elas estejam comprometidas com o processo de aprendizagem”, completa.

FONTE: (diariodonordeste.verdesmares.com.br)

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