Geometria com Resultados: Implementação de Sala do Futuro com Recursos Concretos

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1. Introdução: A geometria da vida e os traços interrompidos

Imagine uma criança com um compasso nas mãos, desenhando um círculo em uma folha. A ponta fixa representa seu potencial; a que gira, seus aprendizados em movimento. Agora imagine que esse traço é interrompido — a folha rasga, o compasso trava. Assim se configuram as lacunas na aprendizagem matemática nas escolas públicas brasileiras, especialmente no objeto de conhecimento da Geometria. 

Em tempos de recomposição das aprendizagens, é necessário mais do que recuperar: é preciso redesenhar rotas. Isso significa criar oportunidades significativas de aprendizado que respeitem os ritmos dos estudantes e façam da Matemática uma linguagem acessível a todos. 

2. O desafio da Geometria: dados oficiais e lacunas reais

A Geometria é fundamental para o desenvolvimento do raciocínio lógico, espacial e da visualização matemática. No entanto, dados do SAEB 2021 mostram que a proficiência média em Matemática no 5º ano do ensino fundamental caiu de 254,82 pontos em 2019 para 242,33 pontos em 2021 — reflexo direto das perdas educacionais durante a pandemia (CIAEM, 2023). 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que “o trabalho com espaço e forma […] deve contribuir para a compreensão e a representação do mundo” (BRASIL, 2018, p. 268). Essa dimensão é frequentemente negligenciada no currículo, resultando em dificuldades nos anos finais do ensino fundamental. 

3. Caminhos metodológicos: do concreto ao abstrato

Para enfrentar esse cenário, o uso de materiais manipulativos é uma estratégia eficaz. A Teoria dos Níveis de Van Hiele, reconhecida internacionalmente, argumenta que o pensamento geométrico se desenvolve em estágios e requer experiências práticas para evoluir (VAN HIELE apud RAMOS; FERREIRA, 2018). 

Método de Singapura tem se destacado internacionalmente por sua eficácia no ensino da Matemática, especialmente ao utilizar materiais concretos na fase inicial da aprendizagem. Essa abordagem, conhecida como CPA (Concreto, Pictórico, Abstrato), promove uma compreensão profunda dos conceitos matemáticos, facilitando a transição do concreto para o abstrato. 

Estudos indicam que o uso de materiais manipulativos no Método de Singapura melhora significativamente a retenção de conteúdo e o desempenho dos alunos. Por exemplo, uma pesquisa publicada no Perspectivas da Educação Matemática destaca que a manipulação de materiais concretos permite aos estudantes visualizar e compreender melhor os conceitos matemáticos, resultando em uma aprendizagem mais eficaz . 

Além disso, a abordagem CPA tem sido associada a melhorias no desempenho em avaliações internacionais. Singapura consistentemente ocupa posições de destaque em testes como o TIMSS e o PISA, refletindo a eficácia de sua metodologia de ensino.

Essas práticas são ainda fortalecidas por evidências da neurociência educacional, que apontam que a aprendizagem se torna mais significativa quando envolve experiências sensoriais e emocionais. Ao manipular objetos concretos, o cérebro ativa áreas relacionadas à memória e ao raciocínio, favorecendo a fixação do conhecimento (SANTIAGO FILHO; FREIRES, 2024). 

4. Salas do futuro: experiências táteis, cognitivas e sociais

As “salas do futuro” não se constroem apenas com telas e cabos, mas com interações e mediações. Os laboratórios de Matemática da MMP são espaços onde o analógico se sobrepõe ao digital, promovendo a aprendizagem ativa. Kits como sólidos geométricos planificadostangrammosaicos e geoplanos permitem que os alunos explorem os conceitos geométricos com as mãos, os olhos e o corpo. 

Essa prática está em consonância com o conceito de zona de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY, 1991), onde o conhecimento é construído com mediação e uso de ferramentas adequadas. A MMP, ao oferecer esses materiais em larga escala para escolas públicas, democratiza o acesso a práticas educacionais de alto impacto, alinhadas à BNCC e às necessidades contemporâneas de aprendizagem. 

5. Redesenhando o futuro

A educação matemática pode ser um terreno fértil para transformar a experiência escolar em potência de vida. A recomposição das aprendizagens é mais que uma correção de rota — é a chance de redesenhar caminhos. Como em uma construção geométrica, cada ponto traçado com intencionalidade muda o desenho final. 

Que a escola seja, cada vez mais, um espaço onde as crianças vejam na Matemática não um abismo, mas uma ponte. Que professores, gestores e comunidades possam redesenhar juntos essa realidade — como quem opera um compasso sobre o papel: com precisão, com cuidado, com esperança. 

Referências 

ALFA E BETO. Método de Singapura: fundamentos e aplicação no Brasil. Disponível em: https://www.alfaebeto.org.br/especialista-do-instituto-alfa-e-beto-explica-o-metodo-de-singapura/. Acesso em: 03 jun. 2025. 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 03 jun. 2025. 

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 03 jun. 2025. 

CIAEM – Comitê Interamericano de Educação Matemática. Boletim de dados do SAEB 2021. Disponível em: https://ponencias.ciaem-redumate.org/cemacyc/article/download/264/141/2782. Acesso em: 03 jun. 2025.  

GOMES, Gediani Nascimento; SANTOS, Karen Illane Alves dos. Materiais manipulativos no ensino de matemática. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió. Disponível em: https://www.repositorio.ufpb.br. Acesso em: 03 jun. 2025. 

GOH, Ng Eng; LEE, Wei-Ying. Mathematics in Singapore primary schools. Singapore: Curriculum Planning & Development Division, 2006. 

MMP – Materiais Pedagógicos. Catálogo MMP 2025. São Paulo, 2025. Disponível em: https://www.mmpmateriaispedagogicos.com.br. Acesso em: 03 jun. 2025. 

OECD. PISA 2018 Results. Paris: OECD Publishing, 2019. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Singapore_math. Acesso em: 03 jun. 2025.  

RAMOS, Adriana; FERREIRA, Luciana. Teoria dos Níveis de Van Hiele: contribuição para o ensino de geometria. Anais do CONEDU, 2018. Disponível em: https://mail.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_SA13_ID3489_08092018140641.pdf. Acesso em: 03 jun. 2025. 

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